O mercado brasileiro negociava entre altos e baixos nesta quarta-feira (19), replicando o movimento no exterior, onde investidores confrontam balanços empresariais animadores e dados econômicos que reforçavam temores de que a alta dos juros para conter a inflação possa conduzir o mundo a uma forte desaceleração.
Às 13h40, o dólar à vista avançava 0,59%, a R$ 5,2840 na venda. A Bolsa de Valores brasileira subia 0,10%, a 115.869 pontos.
Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 caía 0,64%. Referência da Bolsa de Nova York, o indicador acumula queda de 22% neste ano.
A expectativa de elevação dos juros levava os títulos de referência do Tesouro dos Estados Unidos a alcançar o rendimento máximo em 14 anos, reportou a agência Reuters.
O pessimismo quanto à alta dos juros limitava o ânimo do mercado americano com os resultados apresentados na véspera por grandes bancos e pela Netflix, cujas ações disparavam 14%.
A gigante de streaming reverteu perdas de clientes e registrou 2,4 milhões de novos assinantes em todo o mundo no terceiro trimestre, mais que o dobro que o esperado por analistas.
Ainda sobre a economia americana, dados divulgados nesta quarta apontaram que construção de moradias nos Estados Unidos caiu mais do que o esperado em setembro.
Números dos financiamentos habitacionais, tipo de crédito muito popular entre americanos, reforçaram que os juros elevados já provocam perdas nesse segmento.
“Os pedidos de hipoteca estão agora em seu quarto mês de declínio, caindo para o nível mais baixo desde 1997, já que a taxa de hipoteca fixa de 30 anos atingiu 6,94%, o nível mais alto desde 2002”, disse Joel Kan, vice-presidente e vice-economista-chefe da MBA (a associação dos banqueiros imobiliários), em nota no site da entidade.
“A velocidade e o nível para os quais as taxas subiram este ano reduziram bastante a atividade de refinanciamento e exacerbou os desafios de acessibilidade existentes no mercado de compras”, comentou.
A política monetária agressiva do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) enfraqueceu significativamente o mercado imobiliário, com a maioria dos indicadores caindo para níveis vistos pela última vez durante a primeira onda da pandemia da Covid-19, em 2020.
Em contraste, outros setores da economia, como o mercado de trabalho, mostraram resiliência apesar das tentativas do banco central dos EUA de esfriar a demanda.
Desde março, o Fed elevou sua taxa de juros de quase zero para uma faixa de 3% a 3,25% ao ano, e a expectativa agora é de que ela termine o ano na faixa de 4%, com a inflação ainda a mostrar sinais de abrandamento.
Na terça-feira (18), o Ibovespa fechou em alta de 1,87%, aos 115.743 pontos. O indicador de referência da Bolsa de Valores brasileira retomou a casa do 115 mil pontos uma semana depois de ter perdido essa marca. No mercado de câmbio, o dólar comercial à vista recuou 0,90%, cotado a R$ 5,2530 na venda.
Investidores do mercado financeiro brasileiro acompanharam nesta terça o clima otimista no exterior provocado por balanços trimestrais de grandes bancos americanos, que vieram melhores do que o esperado.
Além do ambiente favorável no exterior, negócios locais também impulsionaram a Bolsa. O destaque foi a alta de 9,62% das ações da Natura, um dia após a companhia ter anunciado estudos para uma oferta inicial das ações de uma das empresas do grupo, a marca australiana de cosméticos de luxo Aesop. Na máxima do dia, os papéis subiram 18%.
A Natura ainda acumula queda de 44% em 2022, enquanto o resultado do Ibovespa neste ano é positivo em 10,42%.
Do lado negativo dos negócios, a Oi caiu ao menor preço da história. A ação ordinária fechou o dia valendo R$ 0,32.
A companhia, que já foi a maior empresa de telefonia do país, anunciou que irá agrupar suas ações ordinárias e preferenciais na proporção de 50 para 1.
Com isso, 50 ações ordinárias (OIBR3) e 50 ações preferenciais (OIBR4) serão transformadas em uma ação cada. Dessa forma, o capital social da Oi passará a ser dividido por cerca de 132 milhões de ações, e não mais 6,6 bilhões de ações.
Investidores domésticos também se concentraram em enxergar no exterior justificativas para suas decisões de negócios diante das incertezas no cenário interno com o acirramento da corrida eleitoral e de eventuais instabilidades que um resultado apertado nas urnas poderá provocar.
Em Nova York, o indicador parâmetro da Bolsa, o S&P 500, fechou com ganho de 1,14%. Os índices Dow Jones e Nasdaq avançaram 1,12% e 0,90%, respectivamente.
O bom humor retornou aos mercados globais após as fortes perdas da semana passada diante de dados pessimistas sobre a inflação nos Estados Unidos.
Também colaboraram com a melhora do ambiente de negócios nesta semana as declarações do novo ministro das Finanças do Reino Unido.
Jeremy Hunt descartou o plano econômico da primeira-ministra Liz Truss e reduziu o vasto subsídio de energia proposto por ela, lançando uma das maiores reviravoltas na política fiscal britânica de forma a conter uma dramática perda de confiança dos investidores.
FONTE: UOL